Friday, November 25, 2005
“ A alma – diz ele - ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluído envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia toma cor. Há seres cuja alma é uma exaltação contínua: arrastam-na como um cometa ao ouro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também as simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes de a matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluidos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível.”
«- Porque é que as pessoas boas que Deus ama são mortas em guerras e na crueldade, em assassínios sem sentido e acidentes estúpidos, porque é que crianças espertas e inocentes sofrem até á morte sem misericórdia...
- Cuidado com a voz agora, uma suave mascara para a ignorância. Algumas coisas estão além do nosso conhecimento, meu filho. O Pai envia o pior mal aos que Ele mais ama. Ele precisa de saber que O amas mais que ao teu irmão mortal.»
- Cuidado com a voz agora, uma suave mascara para a ignorância. Algumas coisas estão além do nosso conhecimento, meu filho. O Pai envia o pior mal aos que Ele mais ama. Ele precisa de saber que O amas mais que ao teu irmão mortal.»
«Sei intuitivamente, por exemplo, que somos criaturas da luz e da vida e não da morte cega. Sei que não estamos isolados do espaço e do tempo, que estamos sujeitos a um milhão de aqui e agora em mutação de bons e maus.
A ideia de que somos seres físicos descendentes de células primitivas em caldos nutrientes, essa ideia violenta a minha intuição, calca-a com botas de futebol.
A ideia de que descendemos de um deus ciumento que nos formou do pó para escolhermos entre ajoelhar e rezar, e o fogo do inferno, violenta-me ainda mais. Nunca nenhuma fada do sono me deu estas ideias. O próprio conceito de descendência, para mim, está errado. Todavia nunca pude encontrar um sítio ou alguém que tivesse as minhas respostas, salvo o meu eu mais profundo... e eu tinha medo de confiar nele. Tive de nadar através da vida como uma baleia, enchendo a boca não de água salgada, mas daquilo que outros escreviam, pensavam e diziam, provando e conservando fragmentos de conhecimento do tamanho de plâncton que se ajustasse àquilo em que eu queria acreditar. Algo que explicasse o que eu sabia ser verdade era o que eu procurava. De um escritor, nem um camarão podia reter, por muito que lesse dos seus livros; de outro, nada compreendia, salvo isto: «NÃO SOMOS O QUE PARECEMOS...» o resto do livro podia não passar de água salgada, mas a baleia guardava esta frase. A pouco e pouco, penso que construímos uma compreensão consciente daquilo que já sabemos ao nascer: aquilo em que o nosso eu mais profundo quer que acreditamos, é verdade. O nosso cérebro consciente, porém, não é feliz enquanto não consegue explica-lo por palavras.»
A ideia de que somos seres físicos descendentes de células primitivas em caldos nutrientes, essa ideia violenta a minha intuição, calca-a com botas de futebol.
A ideia de que descendemos de um deus ciumento que nos formou do pó para escolhermos entre ajoelhar e rezar, e o fogo do inferno, violenta-me ainda mais. Nunca nenhuma fada do sono me deu estas ideias. O próprio conceito de descendência, para mim, está errado. Todavia nunca pude encontrar um sítio ou alguém que tivesse as minhas respostas, salvo o meu eu mais profundo... e eu tinha medo de confiar nele. Tive de nadar através da vida como uma baleia, enchendo a boca não de água salgada, mas daquilo que outros escreviam, pensavam e diziam, provando e conservando fragmentos de conhecimento do tamanho de plâncton que se ajustasse àquilo em que eu queria acreditar. Algo que explicasse o que eu sabia ser verdade era o que eu procurava. De um escritor, nem um camarão podia reter, por muito que lesse dos seus livros; de outro, nada compreendia, salvo isto: «NÃO SOMOS O QUE PARECEMOS...» o resto do livro podia não passar de água salgada, mas a baleia guardava esta frase. A pouco e pouco, penso que construímos uma compreensão consciente daquilo que já sabemos ao nascer: aquilo em que o nosso eu mais profundo quer que acreditamos, é verdade. O nosso cérebro consciente, porém, não é feliz enquanto não consegue explica-lo por palavras.»
“Que há dentro deste ser, que não tem limites? Que há dentro deste ser de real e verdadeiro? Cada um assume proporções temerosas. Caem lá dentro palavras, sentimentos, sonhos – é um poço sem fundo, que vai até à raiz da vida. À superfície todos nós nos conhecemos. Depois há outra camada, outra depois. Depois um bafo. Ninguém sabe do que é capaz, ninguém se conhece a si próprio quanto mais aos outros, e só à superfície ou lá para muito fundo é que nos tocamos todos como as árvores de uma floresta - no céu e no interior da terra. De mais baixo ainda vêm terrores, ânsias, desespero… A maior parte das criaturas não só se ignora como não passa nunca da camada superficial.”-
“Uma mãe entra um dia na cozinha e encontra a pequenita à mesa, lápis de cor por todo o lado, profundamente concentrada num desenho livre que está afazer. “Ena, que estás a desenhar?”, perguntou a mãe. “É um retrato de Deus, mamã.”- respondeu a linda garotinha com um brilho nos olhos.” Isso é muito bonito, minha querida”, replicou a mãe, tentando esclarecê-la, “mas olha que ninguém sabe como Deus é”. “Bom”, chilreou a garotinha, “se me deixares acabar…”
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