"Um gesto, um sorriso, uma voz, encobre sempre uma parcela de um todo que ciosamente guardamos, convencidos de que a nossa integridade é subjacente ao nosso destino."
"Eu pelo contrário, não adoro nem detesto a vida. O que odeio são estas noites que me desocupam, que me remetem para o vazio, onde se ergue todo o cenário de arquétipos."
"E tudo era tão bom, tao agradável e belo, que, muitas vezes, suspendia esses momentos, bruscamente, porque me achava indigno deles."
"Uma chuva miúda começou a cair. As pessoas abriam os guarda-chuvas e apressavam o passo. Pensei «Para onde se dirigem? Que força é esta que impele cada um de nós a caminhar sempre em frente, sabendo que todos os caminhos vão dar a esse abismo de silêncio que é a morte?»"
"Se me lembro agora tão nitidamente desse tempo, é porque os lugares marcam com a vida de todos nós um encontro permanente; é porque não lhes podemos fugir; é porque nele deixámos estigmatizado um destino; é porque com eles encetámos um diálogo interior que nos fez prisioneiros. E a imagem rectilínea que guardamos, é uma concepção hipostasiada, de corpo e alma, que nos acalenta recordações felizes e infelizes, e nos dimensiona os dias sobre esta terra de passagem. São espaços frequentados pela nossa infância. Enquanto crescemos, ou mudamos de rumo, ou subimos na vida, eles, mudos, ali ficam sempre iguais, tocando-nos no ombro sempre que passamos apressados a seu lado. por isso, cada encontro tem muitas vezes o sabor da distância, da saudade, da incerteza, do invisível."
"Não sei o que procuro desta noite. Não sei porque não fui direito a casa. Aí, com certeza, não teria forças que vencessem o trabalho de me levantar do sofá, de apagar as luzes, de descer no elevador, de entrar no carro, de o pôr a trabalhar. Não sei. Não sei! Ou talvez saiba, mas não quero encarar a realidade que nos traz a palavra no momento certo...Conheço-me o suficiente."
"Que faço eu aqui? Que força foi esta que me trouxe ao encontro desta vila muda, habitada pelas sombras das ondas batendo no areal? Lugar incapaz de partilhar os meus gemidos, de os ouvir, de os registar, porque eles partem do fundo da garganta, onde todos os gemidos naufragam e ficam séculos adormecidos. Nada me liga a este espaço."
"A noite está horrivel. As ruas desertas. As pessoas acoitam-se nos cinemas, nos cafés, nos bares, nos teatros. Em casa, ficaram todas quantas sabem o valor do olhar, observando o movimento calmo da luz que projecta o candeeiro; que escutam os passos do silêncio através das divisões, ou o murmúrio das sombras quando percorrem o pensamento. Mas a cidade devora as pessoas. Tudo é engolido neste complicado novelo. As pessoas despersonalizam-se e não sei se alguma vez nos cruzámos numa artéria qualquer, sem nos reconhecermos."
"Quanto a vida nos obriga a mentir! Mentimos para fugir de nós próprios, como se fosse possível continuar a fugir indefinidamente. Com efeito, há sempre um momento em que nos colocamos diante de nós mesmos."
"Hoje não sei qual de nós falhou. Nem mesmo se algum de nós falhou."
"As lágrimas que assolam por causa da recordação."
"...entre ti e mim há um abismo impossível."
"Nunca soube como vencer o quotidiano, como me desembaraçar dos dias da lengalenga em que se formam."
"No declinar da alegria, quando se faz a passagem para o desconhecido, temos a sensação que não fomos nada; que nada nos sobrou, porque afinal, quase não tocámos o estado de graça, não cumprindo o nosso destino neste mundo."
"Eu pelo contrário, não adoro nem detesto a vida. O que odeio são estas noites que me desocupam, que me remetem para o vazio, onde se ergue todo o cenário de arquétipos."
"E tudo era tão bom, tao agradável e belo, que, muitas vezes, suspendia esses momentos, bruscamente, porque me achava indigno deles."
"Uma chuva miúda começou a cair. As pessoas abriam os guarda-chuvas e apressavam o passo. Pensei «Para onde se dirigem? Que força é esta que impele cada um de nós a caminhar sempre em frente, sabendo que todos os caminhos vão dar a esse abismo de silêncio que é a morte?»"
"Se me lembro agora tão nitidamente desse tempo, é porque os lugares marcam com a vida de todos nós um encontro permanente; é porque não lhes podemos fugir; é porque nele deixámos estigmatizado um destino; é porque com eles encetámos um diálogo interior que nos fez prisioneiros. E a imagem rectilínea que guardamos, é uma concepção hipostasiada, de corpo e alma, que nos acalenta recordações felizes e infelizes, e nos dimensiona os dias sobre esta terra de passagem. São espaços frequentados pela nossa infância. Enquanto crescemos, ou mudamos de rumo, ou subimos na vida, eles, mudos, ali ficam sempre iguais, tocando-nos no ombro sempre que passamos apressados a seu lado. por isso, cada encontro tem muitas vezes o sabor da distância, da saudade, da incerteza, do invisível."
"Não sei o que procuro desta noite. Não sei porque não fui direito a casa. Aí, com certeza, não teria forças que vencessem o trabalho de me levantar do sofá, de apagar as luzes, de descer no elevador, de entrar no carro, de o pôr a trabalhar. Não sei. Não sei! Ou talvez saiba, mas não quero encarar a realidade que nos traz a palavra no momento certo...Conheço-me o suficiente."
"Que faço eu aqui? Que força foi esta que me trouxe ao encontro desta vila muda, habitada pelas sombras das ondas batendo no areal? Lugar incapaz de partilhar os meus gemidos, de os ouvir, de os registar, porque eles partem do fundo da garganta, onde todos os gemidos naufragam e ficam séculos adormecidos. Nada me liga a este espaço."
"A noite está horrivel. As ruas desertas. As pessoas acoitam-se nos cinemas, nos cafés, nos bares, nos teatros. Em casa, ficaram todas quantas sabem o valor do olhar, observando o movimento calmo da luz que projecta o candeeiro; que escutam os passos do silêncio através das divisões, ou o murmúrio das sombras quando percorrem o pensamento. Mas a cidade devora as pessoas. Tudo é engolido neste complicado novelo. As pessoas despersonalizam-se e não sei se alguma vez nos cruzámos numa artéria qualquer, sem nos reconhecermos."
"Quanto a vida nos obriga a mentir! Mentimos para fugir de nós próprios, como se fosse possível continuar a fugir indefinidamente. Com efeito, há sempre um momento em que nos colocamos diante de nós mesmos."
"Hoje não sei qual de nós falhou. Nem mesmo se algum de nós falhou."
"As lágrimas que assolam por causa da recordação."
"...entre ti e mim há um abismo impossível."
"Nunca soube como vencer o quotidiano, como me desembaraçar dos dias da lengalenga em que se formam."
"No declinar da alegria, quando se faz a passagem para o desconhecido, temos a sensação que não fomos nada; que nada nos sobrou, porque afinal, quase não tocámos o estado de graça, não cumprindo o nosso destino neste mundo."
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