«Sei intuitivamente, por exemplo, que somos criaturas da luz e da vida e não da morte cega. Sei que não estamos isolados do espaço e do tempo, que estamos sujeitos a um milhão de aqui e agora em mutação de bons e maus.
A ideia de que somos seres físicos descendentes de células primitivas em caldos nutrientes, essa ideia violenta a minha intuição, calca-a com botas de futebol.
A ideia de que descendemos de um deus ciumento que nos formou do pó para escolhermos entre ajoelhar e rezar, e o fogo do inferno, violenta-me ainda mais. Nunca nenhuma fada do sono me deu estas ideias. O próprio conceito de descendência, para mim, está errado. Todavia nunca pude encontrar um sítio ou alguém que tivesse as minhas respostas, salvo o meu eu mais profundo... e eu tinha medo de confiar nele. Tive de nadar através da vida como uma baleia, enchendo a boca não de água salgada, mas daquilo que outros escreviam, pensavam e diziam, provando e conservando fragmentos de conhecimento do tamanho de plâncton que se ajustasse àquilo em que eu queria acreditar. Algo que explicasse o que eu sabia ser verdade era o que eu procurava. De um escritor, nem um camarão podia reter, por muito que lesse dos seus livros; de outro, nada compreendia, salvo isto: «NÃO SOMOS O QUE PARECEMOS...» o resto do livro podia não passar de água salgada, mas a baleia guardava esta frase. A pouco e pouco, penso que construímos uma compreensão consciente daquilo que já sabemos ao nascer: aquilo em que o nosso eu mais profundo quer que acreditamos, é verdade. O nosso cérebro consciente, porém, não é feliz enquanto não consegue explica-lo por palavras.»
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